quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sobre “O Monge e o Executivo”– Resenha Literária

Em o “Monge e o Executivo”, James Hunter faz um aglomerado inovador de ideias já conhecidas para buscar uma transformação no modo em que a liderança é exercida, principalmente no campo empresarial.

monge

Citando artigos psicológicos contemporâneos, conhecimentos antigos e grandes líderes, a obra pode ser considerada inovadora por tratar a questão da liderança como servidão. Enquanto a maioria dos livros de liderança no mercado foca gerência, tomada de decisão e organização de pessoas, Hunter defende que liderança é baseada no caráter da pessoa e tem muito a ver com relacionamentos, e não só com tarefas.

O livro conta sobre um executivo chamado John, que por problemas de relacionamento na família e no trabalho, vai a um retiro num mosteiro Cristão. Neste retiro, seis pessoas participam de um curso de liderança, ministrado pelo monge Simeão. Algo que torna o livro interessante é a dinâmica entre os personagens, que vão agregando valores e contra argumentos aos ensinamentos do Monge.

A ideia principal ensinada no curso é que “liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum”.

Essa influência exercida pelo líder pode ser fundamentada no poder ou na autoridade – parte do livro que se retoma, por exemplo, conceitos de Max Weber sobre os tipos de dominação. O autor traz que o uso do poder a longo tempo corrói os relacionamentos. Já o uso da autoridade leva as pessoas a cumprirem as responsabilidades a elas confiadas, por também confiarem no líder e acreditarem que é para o bem da equipe. O que é um bom argumento, uma vez que as pessoas prezam muito por sua liberdade de escolha e costumam não reagir bem ao receber ordens. O uso da autoridade também pode gerar nas pessoas um grande sentimento de responsabilidade, uma vez que elas têm parte no sucesso ou insucesso de sua organização.

No livro, a tarefa principal do líder é definida como identificar e satisfazer as necessidades legítimas (note-se a diferença entre vontades) da equipe e remover todas as barreiras para que ela possa atingir os objetivos definidos. Mas entre outras, ele tem que estar preparado para assumir riscos e tomar decisões necessárias; ele precisa ser firme para corrigir sua equipe sem ofendê-la, mostrando as diferenças entre o trabalho alcançado e o que fora proposto. Nesse ponto, o autor busca lembrar o equilíbrio que é necessário entre tarefa e relacionamento.

O líder também deve criar um ambiente saudável e normatizar o comportamento de sua equipe, buscando inclusive formar novos lideres. O que vai contra o que estamos acostumados, uma vez que o mercado de trabalho atual representa-se fortemente pela concorrência.

Encontramos também no livro uma critica a tradicional organização empresarial, com aquela pirâmide formada pelo presidente e chefes no topo, e os demais funcionários na base. Essa pirâmide, que não atende as necessidades do cliente (uma vez que o nível de cima se ocupa basicamente em dar ordens ao de baixo) deveria ser substituída por uma pirâmide invertida, que com o presidente embaixo e os empregados em cima, cada nível inferior da hierarquia teria a função de satisfazer as necessidades do nível de superior. Desta forma, cada um teria o que precisa para trabalhar com mais eficiência e satisfação.

O autor americano traz ideias anti-deterministas para a discussão, lembrando que entre o estímulo e a resposta, sempre haverá a liberdade de escolha, o caráter. Esse caráter, é formado por comportamentos como paciência, humildade, bondade, respeito, generosidade, perdão, honestidade e compromisso, que são também comportamentos essenciais para uma sociedade saudável.

Entre o que impede o livro de ser melhor, está a ausência de instruções sobre gerenciamento e demais aptidões também necessárias ao líder. Essa carência o autor justifica ao considerar que os leitores do livro já são bons gerentes, uma vez que já alcançaram esses cargos de liderança. Ainda que isso seja baseado na observação de Hunter (que é consultor de empresas), em muitos casos não se aplica ao seus leitores, já que a obra tem um público bastante variado, tal como igrejas e escolas.

Apesar da linguagem simples e do contato constante com o leitor durante todo o livro, as ideias apresentadas por James Hunter não são nada fáceis de serem seguidas, visto que é necessário persistência, disciplina e mudança de paradigmas. No entanto, a recompensa por toda essa dedicação seria o sucesso profissional e a felicidade trazida por ajudar as pessoas a serem melhor. Promessa bastante grande essa do autor. É certo, no entanto, que após a leitura e reflexão do livro, se não acontecer um aumento nas aptidões de liderança, o livro torna pelo menos o mundo um lugar melhor para se viver.

2 comentários:

  1. excelente livro, eu o comprei em uma promoção inicio do ano. Aprendi muito com ele, ainda reflito sobre muitas das idéias que recebi.. mas a maior surpresa foi na minha primeira leitura, estava vindo de salvador, e fiquei preso no aeroporto de belo horizonte, e um cara alinhado de terno veio me fazer comentarios a cerca do livro, puxamos uma conversa que durou quase uma hora... ele trabalhava com palestras para empresarios de grandes empresas, alguma coisa do genero.

    Excelente escolha kra, excelente blog tbm
    sempre do umas circuladas por aqui
    até

    ResponderExcluir
  2. Pois é cara, são ideias que sempre cabem revisões e novas reflexões, neh? Gostei bastante também. No momento estou lendo a biografia do Steve Jobs. É um estilo de liderança bem diferente do proposto em O Monge e o Executivo, mas considerando o sucesso da Apple e da Pixar, não da pra negar que o estilo dele também funciona.
    Abraçooo

    ResponderExcluir

Incentive quem escreve e acrescente ao assunto: comente!