sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Versos Íntimos

Henrique Osvald. A inflação, 1944/50

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

(Augusto dos Anjos)

Primeira semana de volta às aulas aqui na UTFPR. Semana já corrida, com listas, trabalhos marcados e tarefas do PIBIC-JR. Mas entre tudo, ainda sobra um tempo para arte.

Acima postado um soneto que consta na abertura do capítulo sobre o Pré-Modernismo, no livro de Português. Confesso que de início achei somente nojento, mas depois relendo ao fazer os exercícios percebi que não é só disto que ele trata, mas sim sobre a traição humana.

Então resolvi posta-lo por ter me tocado numa intensidade diferente, algo que eu experimento quase exclusivamente com músicas.

Essa semana também teve concurso de poesia do SESC. Submeti uma minha para concorrer, mais incitado pela nota de Português. Vou postar ela aqui futuramente.

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