A disputa do poder no abastecimento de água

Aqui em Cornélio Procópio, surgiu uma polêmica acerca de um assunto: a municipalização do sistema de saneamento. Esta cidade, localizada no norte do Paraná e com pouco mais de 48 mil habitantes, foi surpreendida com um projeto do atual prefeito com essa proposta submetida à votação, sem o conhecimento dos moradores

Há quem diga que por estar mais próximo ao cidadão, o município seria capaz de atuar com mais fidelidade e precisão em suas tarefas, atendendo a comunidade e suas necessidades com mais fiscalização dos recursos despendidos. Entretanto, isso não é necessariamente verdade.

Pelo menos, isto é o que vem provando a Sanepar, empresa estatal responsável pelo atual saneamento. Desde o início de sua atividade na cidade, foram investidos mais de 52 milhões de reais no serviço, o que resultou na cobertura de 100% no tratamento da água e 92% na coleta e tratamento de esgoto da população, um dos melhores índices do estado do Paraná. (Dados segundo o IBGE).

Não suficiente apenas os investimentos periódicos em qualidade e infra-estrutura, mais de 11 mil habitantes também são beneficiados com a tarifa social, que visa reduzir o preço do serviço a famílias carentes e de baixo consumo.

O reflexo disso tudo são os índices da saúde, cujos registros em 2008 indicam apenas 0.028% de óbitos causados por doenças infecto-contagiosas e parasitárias.

Está claro que a Sanepar está fazendo um bom serviço na cidade. Serviço este que o município, com receita orçamentária de pouco mais de 50 milhões de reais e despesas de quase 46 milhões (dados segundo a prefeitura), pode não ter condições de arcar, uma vez que a cidade vem crescendo bastante devido, principalmente, ao atrativo das universidades aqui presentes. Além disso, ainda há muito o que se investir em outras dimensões, tal como saúde, educação básica e asfalto.

Ao que tudo indica, é arriscar demais abrir mão do serviço de grande qualidade e preço justo atuais por uma municipalização do saneamento, que além de suspeita devido ao modo como se tentou implantá-la (que só não foi em frente porque a informação vazou e ouve reação), pode fracassar devido à alta possibilidade de não haver recursos suficientes para continuar os investimentos no setor, haja vista o elevado valor da manutenção, o orçamento municipal e outros serviços ainda precários no município.